segunda-feira, 11 de junho de 2012

GATO ENTRE MATILHA COBARDE - ( O POEMA DA SEMANA- 2012/06/11) Do livro: (a editar) "DA RÚSTICA MUSA, QUE PASSA"

    

     GATO ENTRE MATILHA COBARDE
     - No mercado da minha cidade -

     I
     O mercado da cidade,
     Fechado e em paz de vida,
      Foi palco de atrocidade,
      Por matilha enraivecida.
     II
     Por um espaço da grade
     Um gato, lá dentro entrara,
     Dum tamanho majestade
     E com pelo de cor clara.

     Iria em gula matreira,
     Por causa do cheiro a peixe?
     Que a ele, um mercado cheira,
     Muito limpo, que se deixe?!.

      Ou quis fazer passeata,
     Com outro intento guloso,
     De topar alguma gata,
     P’ra um engate glorioso?

     Fosse qual fosse a questão,
     O gato foi surpreendido,
     Pela chegada dum cão
     E de outros logo seguido.

     Todos lá tinham entrado,
     Como o gato, o tinha feito,
     Que nas grades dum mercado,
     Eles entram a preceito.

     Ladravam de tal maneira,
     E o gato, tanto miava,
     Que o povinho em alarmeira,
     Cá de fora, aos cães gritava.

     E cravando ferradelas,
     No gato, por todo o lado,
     Causaram-lhe tais mazelas,
     Que era um horror, seu estado.

     Mas co’o mercado encerrado,
     Ninguém valer lhe podia,
     E sem algum aliado,
     Longe o gato, não iria...

E essa matilhe em acordo,
Dera-lhe um triste destino
-Tão grande, bonito e gordo -
A morte ao pobre felino…

Cadáver fora tornado,
Dando eles em debandada;
E o povo, olhando o pedrado,
A morte era-lhe lembrada...

E comungava ilações,
Pasmando e fazendo alarde:
Do gato, as limitações,
E dos cães, o acto cobarde...

Não podê-lo defender,
Fez triste o assistente humano;
Jazido e a noite a correr...
Triste sorte, a do bichano!


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