GATO ENTRE MATILHA COBARDE
- No mercado da minha cidade -
I
O mercado da cidade,
Fechado e em paz de vida,
Foi palco de atrocidade,
Por matilha enraivecida.
II
Por um espaço da grade
Um gato, lá dentro entrara,
Dum tamanho majestade
E com pelo de cor clara.
Iria em gula matreira,
Por causa do cheiro a peixe?
Que a ele, um mercado cheira,
Muito limpo, que se deixe?!.
Ou quis fazer passeata,
Com outro intento guloso,
De topar alguma gata,
P’ra um engate glorioso?
Fosse qual fosse a questão,
O gato foi surpreendido,
Pela chegada dum cão
E de outros logo seguido.
Todos lá tinham entrado,
Como o gato, o tinha feito,
Que nas grades dum mercado,
Eles entram a preceito.
Ladravam de tal maneira,
E o gato, tanto miava,
Que o povinho em alarmeira,
Cá de fora, aos cães gritava.
E cravando ferradelas,
No gato, por todo o lado,
Causaram-lhe tais mazelas,
Que era um horror, seu estado.
Mas co’o mercado encerrado,
Ninguém valer lhe podia,
E sem algum aliado,
Longe o gato, não iria...
E essa matilhe em acordo,
Dera-lhe um triste destino
-Tão grande, bonito e gordo -
A morte ao pobre felino…
Cadáver fora tornado,
Dando eles em debandada;
E o povo, olhando o pedrado,
A morte era-lhe lembrada...
E comungava ilações,
Pasmando e fazendo alarde:
Do gato, as limitações,
E dos cães, o acto cobarde...
Não podê-lo defender,
Fez triste o assistente humano;
Jazido e a noite a correr...
Triste sorte, a do bichano!
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