segunda-feira, 30 de abril de 2012

RENDA…OU RODILHA…(O POEMA DA SEMANA - 2012/04/30) Do livro: (já editado) "ESTRO DE MULHER"


RENDA…OU RODILHA…

É bem, pelos caminhos, que ela trilha,
(E que o destino, a fará escolher)
Que neste complexo mundo – a mulher,
Pod’rá ser renda ou pod’rá ser rodilha…

E se há tanta, que veste maravilha,
Porém, sendo um farrapo, seu viver,
Tanta há, (ornada dum trapo qualquer)
Com vida, que é rendilhada mantilha!

Assim, com o traje, a mulher se cobre,
Para caminhos, então percorrer,
E alcançar, certo farol, que lhe brilha;

Traje, que muitas das vezes, encobre,
A sua essência, que poderá ser:
Bela renda, ou esfarrapada rodilha!...

quarta-feira, 25 de abril de 2012

À MULHER DORIDA - (ENTRE QUARTA E QUINTA -2012/04/25) Do livro: (a editar) " ENTRE O ANTO E O ACANTO"


À MULHER DORIDA


Larga os remos e enterra os arsenais:
Acaba co’essas lutas – tão renhidas;
Tira a bons horizontes, as medidas
E por favor sê forte… ainda mais!

Vê-te sempre em espelhos, bem reais
E chama às simples coisas, de queridas;
Que às vezes no baldio há margaridas,
E até pedras que são filosofais!

Logo, arsenais e remos, que de facto
Então ponhas de lado, são o acto,
Que podes ter de grande sensatez;

Que por algo já morto, a luta é triste.
Luta sim, por algo que em ti existe:
Esse teu amor-próprio e cupidez.


segunda-feira, 23 de abril de 2012

A TODO O ORGULHOSO OBREIRO LUSO - ( O POEMA DA SEMANA -2012/04/23) Do livro: ( a editar) "DA RÚSTICA MUSA, QUE PASSA"

A TODO O ORGULHOSO OBREIRO LUSO


Era por certo humano, esse ateísta,
Facto de adivinhar-se pela “pinta”
De idade não teria mais de trinta,
Mas só com um senão: ser repentista…

E após a exaltação chegada ao topo,
Em breve a mansidão readquiria;
Na forma dum amor de simpatia,
De incondicionalmente filantropo!

Como tal, respondia de juízo,
A quem o afirmava de carrancudo:
– O melhor melão é sempre o cascudo
Conseguindo de alguns, um bom sorriso.

Até que alguém teve de lhe contar  
Que o seu repentismo, era patológico;
E fruto dum factor que – neurológico
Dava em comportamento bipolar.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

O REPENTISTA - (O POEMA DA SEMANA-2012/04/18) Do livro: (a editar) "RELANCES DUM OLHAR"


O REPENTISTA

Era por certo humano, esse ateísta,
Facto de adivinhar-se pela “pinta”
De idade não teria mais de trinta,
Mas só com um senão: ser repentista.

E após a exaltação chegada ao topo,
Em breve a mansidão readquiria;
Na forma dum amor de simpatia,
Dum muito incondicional filantropo!

Como tal, respondia de juízo,
A quem o afirmava de carrancudo:
– O melhor melão é sempre o cascudo
E conseguindo de alguns, um sorriso !

Até que alguém teve de lhe contar  
Que o seu repentismo, era patológico;
E fruto dum factor que – neurológico
Dava em comportamento bipolar.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

ÓDIO VIPERINO - ( O POEMA DA SEMANA" -2012/04/16) Do livro: (a editar) "DEAMBULANDO POR CAMPOS BIOGRÁFICOS"



ÓDIO VIPERINO


Ódio assim, lembra até cobra-capelo
Com ferrão e peçonha malfazente;
Roubando paz a quem experimente
Uma tal, sensação de flagelo…

Poucas formas havendo, p’ra abatê-lo
Uma há – e comprovada de eficiente;
É o calor humano, que – bem quente –
Derrete no ego em ira, todo o gelo.

Deixa do ferrão ver-se, uma partícula,
E assim de um tal veneno, nem gotícula
A não ser, num retorno, da voragem…

Nesse caso, é do agente compulsivo 
Tornando um ódio assim, mais agressivo
 Com um tender ainda mais selvagem…

quarta-feira, 11 de abril de 2012

UMA CERTA DEFINIÇÃO DE AMOR- ( ENTRE QUARTA E QUINTA -2012/04/11) Do livro: ( a editar) "DA RÚSTICA MUSA, QUE PASSA"


UMA CERTA DEFINIÇÃO DE AMOR 


É mesmo majestoso; é como o galo,
Pois quando entra na nossa “capoeira
Canta e impõe-se até sobremaneira
Numa “voz” imperiosa, que é regalo

Consegue-nos causar um forte abalo,
Tem penas, cor da dor e da fogueira;
Até nos embriaga e faz cegueira
E soa uma ordem sua, a um badalo...

Enquanto dura, dá divino ardor
(Dá a nosso existir, um belo fado)
Mas se morte faz cisma e pasmaceira

E nem que até o tempo, acalme a dor
Mais aos casos que tais – em tanto lado…–  
Há um véu de luto, em nossa “capoeira”


segunda-feira, 9 de abril de 2012

TER E NÃO TER - (O POEMA DA SEMANA - 2012/04/09) Do livro: ( a editar) "DA RÚSTICA MUSA, QUE PASSA"


TER E NÃO TER


Esse ditado certo e popular
De a gente possuir olhos e não “ver”
Tem em si douto dom de aconselhar
Que p’ra visões da pele arrepiar
Melhor será de cego, se fazer.

E a gente ter ouvidos, sem “ouvir”
É quanto a atoardas, despudor,
Elogios e aplausos a fingir ;
A isso, há que os ouvidos transferir
Para ouvidos, ditos de mercador…

Ter boca e todavia não falar
É ditado que traz bem mais saber
Já que tenta bem mais nos ensinar
Que a gente ouvidos ter, sem “escutar”
E olhos ter, sem algumas coisas “ver” ...

A boca deverá renunciar
A frouxa opinião e frase tosca,
A certas confissões e difamar…
Porque diz o ditado popular:
Numa boca fechada, não vai ”mosca”!

quarta-feira, 4 de abril de 2012

O ORADOR DA GARRA DE LACRAU - ( ENTRE QUARTA E QUINTA- 2012/04/04) Do livro: (a editar) "RELANCES DUM OLHAR"



O ORADOR DA GARRA DE LACRAU


Crê adquirir um nume espirituoso
Da bebida, tendo álcool de alto grau,
Que disso advém-lhe garra de lacrau
E como tal, sucesso glamoroso! 

Seus gritos e glossário assaz piroso,
Sufocam a plateia do sarau;
Crê-se o maior – assim a “meio-pau”
Vinho e bazófia, em ciclo vicioso…

E co’a garrafa ou copo numa mão;
– Se é que não, satisfeito de antemão
Enquanto então em palco, afim se avia –

Com o seu rosto já, cor de tomate,
No fim de ter orado, quem o bate, 
No pedante sorriso, de mestria?...


segunda-feira, 2 de abril de 2012

DUM CONVIVA CHAMADO: BOM GARFO - ( O POEMA DA SEMANA -2012/04/02) - Do livro: (a editar) "RELANCES DUM OLHAR"


                     DUM CONVIVA CHAMADO: BOM GARFO


                      Enquanto anfitrião lá se emaranha
                      E coisas nos conformes, bem arranja,
                    O “Bom Garfo” – por bom menu na granja
                     Até saltita, e dentes arreganha!

                   Que para a mesa - e antes da lasanha
                   Chegará caldo-verde ou mesmo canja;
                  Depois rojões ou pato com laranja
                   E puré de batata ou de castanha.

                  E além de uma e mais outra boa infusa
                Haverá farra e dança - honrando Fausto
                E trovador piscando o olho à musa;

                Só o “Bom Garfo” após a lauta ceia
                Tombará no sofá - de tão exausto
                    De pronto adormecendo, sob apneia…