quarta-feira, 28 de novembro de 2012

ESP’RANÇA- (ENTRE QUARTA E QUINTA -2012/11/28) Do livro: (a editar)" VERBOS NA PRIMEIRA PESSOA"

ESP'RANÇA


Quando nos vendavais de meu tormento,
Tu dás a meu rumo, outra direção,
Trazes-me sempre algum contentamento,
Acresces-me à paz do ego e da razão!

Teu verde prado, é dele o alimento,
E o silencioso amigo, mesmo à mão;
E que na mó-de-baixo – em desalento,
O incita a ganhar força de vulcão!

Chegares pequenina, pouco importa
Importa, é que promovas a bonança,
Para na mó-de-cima, abrir-te a porta;

Que cresces, e meu ego então avança,
– Todo o desanimar, logo lhe aborta –
E ao certo a ti devido, doce esp’rança!


segunda-feira, 26 de novembro de 2012

VENDO CHEGAR-ME AO lONGE UMA ALEGRIA - (O POEMA DA SEMANA- 2012/11/26) Do livro : ( a editar) " VERBOS NA PRIMEIRA PESSOA"

VENDO CHEGAR-ME AO LONGE UMA ALEGRIA


Vendo chegar-me ao longe uma alegria
Eu vibro e até mim, conto-lhe seus passos;
Solto até gargalhadas, feitas aços
Ou canto, como leda cotovia!

Faço-lhe até louvores, de honraria
E colo de minha alma os estilhaços;
Ah quando de alegria vejo uns traços
Dá-me mais pena, a morte um certo dia…

Mas só que dela aspiro, mais ventura
A de em meu coração, bela moldura
Porque a da solidão, fá-lo cismado;

E se uma dita assim lhe acontecer
Redobrará por certo o seu prazer
De na alegria, o meu abraço dado!


quarta-feira, 21 de novembro de 2012

REALIDADE – FANTASIA- ( ENTRE QUARTA E QUINTA - 2012/11/21) do livro: ( a editar)" ENTRE O ANTO E O ACANTO"


REALIDADE - FANTASIA


Minha maior valia de critério,
É distinguir um reino de um império;
E de só sonhar em tempo conforme,
Porque quem muito sonha, muito dorme…

(E ao sonhar meu ­– de algum ténue mistério–
Acresço grande fé e ânimo enorme,
P’ra jamais vacilar em campo sério!)

Sendo o real, padrão de grão vantagem,
Não creio a fantasia, só miragem;
Mas de apagadas coisas, uns relances
De intrínseca abrangência de nuances.

(São as tais excepções, de airosa imagem,
Com o perspetivar de uso de lances,
Então na permissiva percentagem!)

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

PATAMARES DE ABSORÇÃO- (O POEMA DA SEMANA -2012/11/19) do livro: ( a editar)" VERBOS NA PRIMEIRA PESSOA"


PATAMARES DE ABSORÇÃO


Mais um "lance de escadas", vou subindo,
Ficando absorta, em cada “patamar”;
E se a mente me diz para “parar”…
O coração jamais o consentindo

Rendida a ele, lá vou prosseguindo,
De degrau em degrau, com calmo esgar;
(Que quem em si mantém esperançar,
Deve mesmo um sorriso ir exibindo…)

Não creio que um destino está traçado,
– P’ra fruir-se este cosmos “emprestado” –
Mas só a nós, devemos o erguer taça;

Convindo que se sonhe com vigor,
Pois fazê-lo, já é compensador
Que se a vida é“pião”, sonho é ” baraça”


quarta-feira, 14 de novembro de 2012

ENTRE A LOUSA E A TERRA - ( ENTRE QUARTA E QUINTA-2012/11/14) Do livro ( a editar) " DEAMBULANDO POR CAMPOS BIOGRÁFICOS"


 ENTRE A LOUSA E A TERRA


Ao constar nosso nome em fria lousa
Criaturas, já não seremos mais
Mas pior que insensíveis minerais
Porque apodreceremos  – dando em coisa...

É que a vida termina, e ninguém ousa
Desafiar a lei, feita aos mortais;
Converte-se a matéria morta, em sais
Nesse próprio local, onde repousa.

Massa grossa, do sal mais repelente
De choupos e ciprestes, vitamina,
De vermes e toupeiras, nutriente;

E será que nossa alma, p’ra o Céu, voa?
Ou morre também, grande ou pequenina?
Se é coisa de quem já não é pessoa?!

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

VOLVENDO O OLHAR, PARA O CEMITÉRIO - ( O POEMA DA SEMANA -2012/11/12) do livro: ( a editar) "ENTRE O ANTO E O ACANTO"


   VOLVENDO O OLHAR PARA O CEMITÉRIO

Quando cada um – frio e indif’rente
Descer àquela terra prometida…
É que terá em pleno, garantida
A sua certidão de independente.

Na urna, toda sua, tão-soment
Não mais lamentará marasmo ou lida
Jamais alguém levá-lo- à de vencida
Nem mesmo aplicar-lhe-á, freio ou corrente 

E cada próprio sonho, não cumprido
Mais arcano segredo, em si mantido  
Tudo isso azo perdeu a ser produto;

E deixá-lo – já nada importará_
Nada de bom ou mau, alterará
De um esqueleto, o tétrico estatuto.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

PLANO RECICLATIVO, DE CONCEITOS - (ENTRE A QUARTA E A QUINTA- 2012/11/07) do livro: (a editar) "DA RÚSTICA MUSA, QUE PASSA"

               

 PLANO RECICLATIVO DE CONCEITOS

Por vezes tentação, tipo selvagem
Sobre a alma perpassa, bem resvés,  
Incentivando a pôr normas à margem…

O equivalente a dar-lhes “com os pés”;
Podendo tentação de tal coerência
Pôr egos oscilando entre marés…
II
Mercê disso, é de enorme e jus premência
Pôr-se o "ontem e o hoje", na balança,
P'ra julgar com consisa e sã prudência...

E olhar à importância da mudança
A par de um reciclar abonativo
P'ra normas e atitudes em usança.

Dar-lhes barrela e córa, de atrativo
Numa serena paz, em vez de alarde
E tendo em atenção o usar do crivo...
III
Logo, se um salutar conceito "encarde"
Havendo de "barrela ou cora", urgência
Faça-se pois mais cedo do que tarde.

Se o caso for de mais grave tendência  
Será então do crivo, tal missão
Separando a que é má, da boa essência.

À reciclagem sim, descuido não.


segunda-feira, 5 de novembro de 2012

CORAÇÃO EM FERIDA - (O POEMA DA SEMANA - 2012/11/05) Do livro: ( a editar) "ENTRE O ANTO E O ACANTO"


CORAÇÃO EM FERIDA


 
Factos duma gravosa ressonância
Que exalem nostalgia e ceticismo,
Darão versos de um ânimo em abismo;
Lavras de sorumbática elegância…

Logo, as reproduções em dissonância
De meia cobardia e meio heroísmo...
Não podem pôr em resmas, são lirismo
Porém afetações em rutilância.

De autor, que faz da obra, subterfúgio
Perante um tédio ou dor de azucrinar
Sendo a própria poética um refúgio;

E até o “levanta” em morremorrer,
Ou de uma fúria tal, que o faz achar
Enorme o sacrifício de viver…