quarta-feira, 29 de agosto de 2012

PARADOXO- ( ENTRE QUARTA E QUINTA -2012/08/29) Do livro: ( a editar) "PROPENSÕES MUSAIS"

   
      PARADOXO

     Se em vida, algo de bom cumpriu finado
     Repensa-se-lhe até leviandade
     Muito do erro seu, é desculpado
                               Outro, já não mais tende a ser pecado
                               E nutre-se o alvitrar de eternidade !

     Só que louvor, medalha, ou mesmo busto
     Para quem em si, já não sente nada?
     Nem (na laje) estalido de refusto
     Nem de trovão, pesado ou leve susto
     Nem de vento ou granizo, a fustigada?...

     Paradoxo pós-vida, feito acção,
     De tornar um mortal, de imortal, fulcro…
     Fazê-lo a quem, ou em putrefacção 
     Ou tendo de esqueleto a condição
     É apenas pertença dum sepulcro…



segunda-feira, 27 de agosto de 2012

COLHEITAS DO TEMPO- (O POEMA DA SEMANA- 2012/08/ 27) do livro: ( a editar) " PROPENSÕES MUSAIS"


 COLHEITAS DO TEMPO


Não deixemos mazelas e maleitas,
Calarem nossas almas, contrafeitas;
Associar ideias - nem que cem -
Que quem não perde tempo, tempo tem!

E ele, usado em doses escorreitas
É uma mais valia, um grande bem,
Dando a incorreções, feições eleitas!

Também convém  manter-se na razão
Que antes de nosso olhar ter “apagão”
Haverá que vibrar-se, intensamente
Que a gente após findar, nada mais sente…

Nem ardência, prurido, ou escaldão
Nem reumático, gota, ou dor de dente,
Nenhuma boa, ou má palpitação.
 

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

QUADRO SOMBRIO DUM ARTISTA - ( ENTRE QUARTA E QUINTA -2012/08/22) Do livro: (a editar) "RELANCES DE UM OLHAR"

QUADRO SOMBRIO DUM ARTISTA


Seu próprio ateliê - apoio certo,
A um artista em desânimo - o  painel;
Que traços e  que sombras p'ró pincel!
Que destino o seu, tão duro e incerto...

Pede da musa o ombro e de si perto,
P'ra chorar sua dor, vinda em tropel;
E o bom licor musal, cair sobre o fel,
Duma alma assim, sedente num deserto...

Que vendo esp'rança, ser-lhe seco rio
Pinta a quente tinta, âmago vazio:
Sua iminente queda fatalista;

Disso auferindo dor, como subsídio
Num cismar, que é um lento suicídio
O "quadro" mais sombrio desse artista.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

O ARTISTA - ( O POEMA DA SEMANA-2012/08/20) do livro: (a editar) "RELANCES DUM OLHAR"


O ARTISTA


Lá vai ele, com sua cruz, ao calvário
Por vias, com tanto Rubicão escondido;
Quanto suor, já encharcara, no sudário?
Quanto chorara já? Quanto haverá gemido?

 Com a cruz da arte, dará tropeção vário
Porém o caminho andado, far-lhe-á sentido;
E com a cobardia, fechada no armário
Ele não será p’lo desânimo, vencido.

É caminheiro, que sempre mais quer andar,
Seu intento é a plena realização
E que jamais na vida, irá concretizar;

Porque isso é talvez da arte, o maior senão,
E o artista a certo ponto, irá constatar
Que seu intento, só parará no caixão!

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

INSPIRADOR PALPITE (ENTRE QUARTA E QUINTA- 2012/08/15) Do livro a editar) "ENTRE O ANTO E O ACANTO"

INSPIRADOR PALPITE


Nem que contratempo, musas me agite
Nunca ignoro, inspirador palpite
Até porque cada minha querença
Jamais foi obrigada a ter licença;

E não há coisa que mais me espevite
Que é em mim, esta salutar doença.
Não havendo ninguém que ma evite!

Se enxurrada de asneiras, não disparo
Nas eventuais gralhas faço reparo,
Buscando o apoio do subconsciente
Daquele são amigo, que não mente.

Nada dando demais, nem sendo avaro
Nem mesmo um exacerbado exigente
E muito menos fazendo-se caro!

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

DA ÁGUA INSPIRADORA, MAIS UM GOLE - Do livro: ( a editar) "ENTRE O ANTO E O ACANTO"

DA ÁGUA INSPIRADORA, MAIS UM GOLE


Também a ti, oh inspiração obscura
Dedico-te meu sério pensamento;
Melhor do que ao rol do esquecimento
Atirar-te como um mal, sem ter cura.´

Se audácia, muitas coisas transfigura
E a cobardia é auto-aviltamento;
Só da primeira nascerá portento,
Para só da segunda a abastardura...

E à fonte, até me leva, incerto tema, 
                               Muito bebendo, por estratagema,
                                P’ra bem matar a sede que me assole;

                           Porque um belo carme, só se concebe
                             Quando com sôfrego o poeta bebe,
                             Da água inspiradora, mais um gole!
 

O QUE SOU? - (O POEMA DA SEMANA -2012/08/13) Do livro: (a editar) "ENTRE O ANTO E O ACANTO"

O QUE SOU?


Por certo, pouco tenho de só meu,
Neste mundo, deveras mat'rial;
Sou a dona de casa trivial
E com interior Epicureu!

Sensível poesia em mim nasceu,
P'ra além de alguma arte manual;
Tudo só bens morais, porque o "metal"
De tudo isso não cai, no cofre meu.

Retratos de meu ego assim puelar
Onde a meditação é Água Benta,
Sobre a conformidade, por "pilar";

Gostos simples, com pouca ferramenta,
Sem lucros; duas mãos a trabalhar,
Tendo um vital papel "Massa Cinzenta"

sábado, 11 de agosto de 2012

ESTRATÉGIA DE QUEM À POESIA DÁ VOZ - Do livro ( a editar) "PROPENSÕES MUSAIS"

 ESTRATÉGIA DE QUEM À POESIA DÁ VOZ

        
Antes de pôr-se um poema no ar
Há que sabê-lo clássico ou castiço~
Se ele incita à paz ou ao reboliço
Para podê-lo ou não encaminhar.

Se meritória, a sua estilogia,
Um consciente orador bem se ajeita
E seu próprio carisma, é garantia.

O olhar, o gesto, o repante e o tique
– Se ajuda ao verso manso ou inquieto
Ao moralista e mesmo ao indiscreto –
Torna a descontracção, em coisa chique.

De oratória mais ou menos egrégia
E honrando musa, que dum canto espreita
Solte-se a voz, o gesto – a estratégia!