quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

SE A SETA DO CUPIDO, DÁ P'RÓ TORTO ( O POEMA DA SEMANA 2012/02/29) Do livro ( a editar)" DA RÚSTICA MUSA, QUE PASSA"


SE A SETA DO CUPIDO DÁ P’RÓ TORTO…

  Muitas vezes, é fruto de perrice
  A seta do Cupido, dar p’ró torto;
  Pondo um olhar, tão triste e tão absorto
  Quanto no facto, bem se desperdice…

  E se acaso as ilusões, em ponto morto,
  Antes ter-se doidice que a parvoíce
  P'ra coisas se levar a feliz porto.

  Porém se há alma triste que se aberme
  – E que a desprazimentos se reporte –
  Se o Cupido acabar perdendo o norte
  Não admira que essa alma até, enferme;
  
            E se lhe faltar mesmo, um bom suporte,             
Poderá rastejar que nem um verme
    Ou nem esp'ranças ter, de melhor sorte…

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

AMOR EM DUAS ESTAÇÕES (O POEMA DA SEMANA - 2012/02/27) Do livro: ( a editar) "DEAMBULANDO POR CAMPOS BIOGRÁFICOS"



AMOR EM DUAS “ESTAÇÕES”


Com “Primavera” em nós, cremos o amor
Algo bem comparado a um portento
Todavia no “Outono”, ‘inda é melhor
“Inda é mais sublime esse sentimento!

Que com muita ilusão, já desvendada
Mais com os pés em terra, a gente aposta;
P’ra mais, do ciúme, então boa talhada
                                 Renega-se, em amor, de quem se gosta!

E por sonhar, jamais Cupido, perde,
Não tem hora nem prazo a cupidez;
Que na “Primavera”, é loucura verde,
E no “Outono”, é madura lucidez!

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

UM FÓSFORO EM LIXA, A CORRER - ( ENTRE QUARTA E QUINTA - 2012/02/22) Do livro: (a editar) "PROPENSÕES MUSAIS"


UM FÓSFORO EM LIXA, A CORRER


Cai-nos muito melhor, boa ventura
Se conseguida for, sem mendicância,
Sem dissimulações ou impostura
Ganha sim, a suor sem ter mistura ;
E o que p'ró ego tem grande importância…

- Paradigma que dá, em auto-aposta
Dum pundonor de orgulho, feito de aço,
De perante um busílis, dando à costa,
A nossa integridade, por resposta  
Aplicar-lhe um capaz desembaraço! -
                            
Logo, conceito assim, que a gente aufira
Vale por fósforo, em lixa a correr
– Sem batê-lo, humidade que interfira –
E ei-lo, num fogo tal, que incita à lira,
Ao canto do bom senso e bem-fazer!

                                                                                        

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

PAPAGAIO DE PAPEL, QUE SE ELEVE...(O POEMA DA SEMANA -2012/02/20) Do livro: (a editar) "PROPENSÕES MUSAIS"

PAPAGAIO DE PAPEL, QUE SE ELEVE…


Se entre sombrio céu, clarão se faça
Que nem sempre se veja, como um raio…
Mas luminosa ideia que alguém traça,
E que de impulso as mangas arregaça
P’ra nesse céu, lançar um papagaio!

E em acatamento ao vento mandão,
Com seu corpo ir, da esquerda p’r á direita;
Para o mundo, cabal comprovação
De quem um cordel bem retém, na mão
E alegremente bem, um Céu enfeita…

Gente com um impulso, tão cordato,
De em jeito assim, criar ambiente cénico;
Fá-lo como que a um tema num retrato
E que é com brilho e cor: – sano aparato –
Sempre infalivelmente fotogénico!


quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

DO PALCO AO REAL - (ENTRE QUARTA E QUINTA -2012/02/15) Do livro: (a editar) " PENSAMENTOS (EN)QUADRADOS"


DO PALCO AO REAL


Às vezes parece sacro
Parece sacro o amor
Mas pode ser “simulacro”
Saído dum bom actor...

E é tal o empenhamento
(Papel tão comovedor)
Que conquista o sentimento
Do inocente “espectador”

Tem dotes para servi-lo
A palavra, o gesto, o espanto
O olhar de cândido estilo
Valia e talvez encanto

E com os seus lamirés
É visto por água-mel
Tendo quem lhe caia aos pés
Crendo real seu “ papel”

Mas depois de apoteose
(Se o sétimo Céu termina)
P´ró “espectador” em neurose
Há válium e aspirina...



segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

A POLUIÇÃO (O POEMA DA SEMANA -2012/02/13) Do livro: ( a editar) "DEAMBULANDO POR CAMPOS BIOGRÁFICOS"



A POLUIÇÃO

I
Esse miasma assim, tido entre os mais antigos
- E que bem denuncia conceitos morais -
Nem mesmo com os mais exortantes artigos
Alguém conseguirá aboli-lo, jamais...

Que se presença marca, como algo palpável,
- Em focos de  infeção, até mesmo aberrantes...-
Também marca presença, e muito reprovável
Com os tóxicos fumos, e os sons irritantes...

E além de nesses tão mórbidos aparatos
 -Tão adversos espectros do quotidiano -
Ela está nos olhares, pensamentos e atos
E em muito que se afirma como puritano...

II       
Uns a repudiam com normas de higiene,
 -Quer ambiental, psicológica ou mental -
Mas poluição, será um miasma perene
Já que outros vê-la-ão, por necessário mal.


quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

DITAMES DA MODA - ( ENTRE QUARTA E QUINTA - 2012/02/08) - Do livro: ( a editar) "PROPENSÕES MUSAIS"


DITAMES DA MODA


     Se da moda, um ditame, eis que ressoa
     De em algumas usanças, dar viragem­,
     Muito trapinho até, de airosa imagem    
    Em baús ou em sótãos, se amontoa…
    
     E se gente há, que não lhe dá usagem
     Também não lhe porá um fim à toa
         Que em moda o regredir, nunca é miragem;  

     Antes muita tendência do trajar,
     – Como surto de gripe, que se infesta –
     Promove o que parece que não presta
                        E até sem nada ter de lhe alterar.                   
                   
     Quantas vezes, de mera tenção lesta­ –
     Trapinho que do sótão, se tirar
                   Acaba por ser "rei", nalguma festa?!              

            

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

DONA DE CASA - ( O POEMA DA SEMANA ) Do livro: ( aeditar) "DEAMBULANDO pOR CAMPOS BIOGRÁFICOS"



DONA DE CASA


A mulher, se videirinha
P’la ordem faz-se regida
Desde a manhã, à noitinha
Sem uma hora perdida.

Bem cedo ergue seu pescoço
Dispondo-se a trabalhar
E após servir o almoço
Toca aos quartos arrumar.

Dos móveis tira a poeira
Lava os vidros com vigor
Para com igual canseira
Usar do aspirador.

Se são batidas onze horas,
À cozinha lá vai ter,
E não se dando a demoras,
Que tem gente p’ra comer.

Louça então amontoada,
Começa então a lavar
P’ra com a noite chegada
De novo a utilizar.

Depois há que lavar roupa
Quer à máquina ou á mão
E ao trabalho não se poupa
Pondo a corda em “figurão”

Se há roupa p’ra remendar
E ser brunida também
Com agulha há pespontar
E com o ferro há vaivém.

Chega a noite e apresenta
À família o jantar
E por vezes nem se senta
Para servir e aviar.

Adormece co’o pensar,
De canseiras, sempre ter
Novos dias a enfrentar
Com muito ter que fazer! 

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

DOMINGO-SOLIDÃO ( ENTRE QUARTA E QUINTA -2012/02/01) Do livro: (a editar) "ENTRE O ANTO E O ACANTO"


DOMINGO-SOLIDÃO


P’ra muitos o domingo sai austero
Sempre de igual começo e remate
Solidão, toda a hora, é xeque-mate
Espera, mais espera, igual a zero.

Outros com um capricho quase fero
Chamam ao desalento disparate;
Sem deixar coração tocar rebate
Que lhes persiste um sonho, lindo e vero.

E que se um pouco afrouxa, é renovado
Tornando o coração mais sossegado
 Devido ao augurar-lhe mais-valias:

– Isso coração, bate mais baixinho!,
Espera o amanhã, mais um pouquinho...
Uns anos, alguns meses, mais uns dias!