PARADOXO
Se em vida, algo de bom cumpriu finado
Repensa-se-lhe até leviandade
Muito do erro seu, é desculpado
Outro, já não mais tende a ser pecado
E nutre-se o alvitrar de eternidade !
Só que louvor, medalha, ou mesmo busto
Para quem em si, já não sente nada?
Nem (na laje) estalido de refusto
Nem de trovão, pesado ou leve susto
Nem de vento ou granizo, a fustigada?...
Paradoxo pós-vida, feito acção,
De tornar um mortal, de imortal, fulcro…
Fazê-lo a quem, ou em putrefacção
Ou tendo de esqueleto a condição
É apenas pertença dum sepulcro…